do tratado da reforma da inteligência

"tudo o que acontece na vida ordinária é vão e fútil ....As coisas que mais frequentemente ocorrem na vida, estimadas como o supremo bem pelos homens, a julgar pelo que eles praticam, reduzem-se, efetivamente, a estas três, a saber, a riqueza, as honras e o prazer dos sentidos. Com estas três coisas a mente se distrai de tal maneira que muito pouco pode cogitar de qualquer outro bem. ... Assim, parecia claro que todos esses males provinham disto – que toda felicidade ou infelicidade reside numa só coisa, a saber, na qualidade do objeto ao qual nos prendemos pelo amor. De fato, nunca surgem disputas por coisas que não se ama; nem há qualquer tristeza se as perdemos; nem inveja, se outros a possuem;nenhum ódio e, para dizer tudo numa palavra, nenhuma pertubação da alma (animus). Ao contrário, tudo isso acontece quando amamos coisas que podem perecer, como são aquelas que acabamos de falar. Mas o amor das coisas eternas e infinitas nutre a alma de puro gozo, isento de qualquer tristeza..."

segunda-feira, 4 de outubro de 2010



Aí vai mais um poema do novo livro, Córrego de amarras:




olhos
dois lagos que piscam
concisão do azul indeciso
violinos silvestres
saturados de substância
empalidecem lilazes




lívidos lírios




cair-se de amor de suma altura
e aprender a nascer velho a cada dia
a tecer invenção
a calar iniquidades
na insanidade que é ter
garça distraída
além do limite do isento
livre como ser ninguém




caminho por escrito
nessa caligrafia coreografada
em casa larga
boca-traço sem nome
o prumo do riso
de um dizer sempre oblíquo